quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ESCOLAS SÃO SAQUEADAS EM RONDÔNIA

ONDA DE ROUBO CONTINUA NAS ESCOLAS...
                                                                                     
                                                                                       *Valdeci Ribeiro



A onda de ataques contra escolas públicas na capital chega as raias do absurdo e um novo roubo voltou acontecer na madrugada desta quinta-feira (06) em Porto Velho, quando uma escola estadual de 1º e 2º grau, Maria Carmosina, localizada no Bairro Tiradentes, setor Leste da capital, foi saqueada e teve vários objetos furtados por um grupo de marginais.
Os bandidos, segundo a polícia, subtraíram vários objetos de valores como: computadores, televisões, data show e fugiram. Vários objetos, como caixa de som, aparelhos de som, DVD e um ar-condicionado foram deixados ao lado de fora da escola, para serem levados depois, porém os bandidos acabaram não retornando. Portas, janelas e parte da rede elétrica foram danificadas.
Segundo o diretor da escola esta é a 12ª vez que o prédio é roubado, porém nesta oportunidade os marginais fizeram uma devassa. Até o momento ninguém foi preso. A ocorrência de furto foi registrada no DP da área e será investigada pela Polícia Civil‪#‎ONDAAMARELA‬



*Leciona Filosofia na Rede Pública.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

NO PAÍS DOS DIPLOMADOS ANALFABETOS

                                                                                       *Valdeci Ribeiro


O Brasil foi enganado pelos governantes eleitos, e resolvi não mais me manter calado. Irei criticar quem merece ser criticado e mostrar para aqueles que me leem os problemas dos atuais governantes que nós mesmo elegemos nas ultimas eleições. E o maior problema que vejo é na educação.
Os governantes mentiram dizendo que iriam investir em educação. Isso não aconteceu. O governo atual NÃO TEM INTERESSE EM EDUCAR. Na sua maioria, as Escolas Públicas do Estado de Rondônia não tem as mínimas condições de funcionamento. Para "caiar" ou disfarçar os problemas de décadas na educação de Rondônia, o atual Governo começou desastrosamente fazendo pinturas em escolas sem nenhuma preocupação em reformas nas estruturas dos prédios! São verdadeiros SEPULCROS CAIADOS. Depois foram criados tantos PROGRAMAS  que nossas escolas são um verdadeiro CAOS em relação ao trânsito de alunos em horário contrário das aulas, com desculpas de que isto é EDUCAÇÃO INTEGRAL... Outra grande mentira é essa RECUPERAÇÃO bimestral que na verdade não recupera ninguém, é uma verdadeira FÁBRICA de aprovações de alunos analfabetos funcionais!!!
E falta na verdade uma valorização do profissional em educação, pois os jovens de hoje não veem no papel do Professor um referencial no qual possa se espelhar e procurar mudar seus rumos construindo objetivos concretos!!!
Algumas escolas da Zona Sul de Porto Velho, funcionam sem Ar-condicionado, sem bibliotecas, sem sala de informática, nem quadra esportiva para a prática da Educação Física e outras atividades extra curriculares... E a propaganda na mídia(muita cara por sinal) mostra uma educação renovada, onde as escolas de Rondônia são um verdadeiro PARAÍSO!!!!
O que falta na verdade para os políticos de Rondônia é vergonha na cara, desde a Câmara  de Vereadores até o Legislativo Estadual... Isso pra não falar do desastroso EXECUTIVO!!!!
DIPLOMADOS ANALFABETOS:


O que esperar de mudanças nas escolas, se a maioria dos colegas da educação não tem coragem de abrir a boca, coragem de tomar partido, coragem de lutar por melhores condições de trabalho, coragem de sair numa GREVE e mostrar e conscientizar a sociedade da importância do envolvimento dos pais na luta por dias melhores na educação.
Nas eleições das escolas, parecem bobos, com medo de MUDANÇAS, verdadeiros tontos conformados ou acomodados com a falta de zelo e tratamento digno dentro das escolas.
Muitos não tem coragem de ler ou ouvir as propostas das Chapas envolvidas no Processo de Gestão Democrática nas escolas, se comportam como idiotas e aceitam ser tratados como simples ferramenta descartável, enquanto uma minoria se intitulam como "mestres", como verdadeiros "reis", e "salvadores" da educação em nosso estado!!!!!!
E cada vez vai ficando pior, professores acomodados com verdadeiro espírito  CORPORATIVISTA, batendo palmas pra governos que cada vez mais estão atolando nosso estado na lama.
Será um CÂNCER?
As vezes reflito e me pergunto, se não sou um desses "CANCER's" da educação..... que não abrem a boca e votam como cordeiros indo pro abatedouro....Não tomam partido....Não tomam posição politica.....Não fazem Greve....São verdadeiros puxa-sacos de Diretores, seja lá quem for!!!!!!!!!!!!!!!

TENHAM CORAGEM!!!!!!!!!!      ABRAM A BOCA!!!!!!!!!  ASSUMAM-SE COMO EDUCADORES!!!!!!!!!!
Talvez assim deixemos de ser um "bando" como disse um ex-governador, que professor não era classe era BANDO!!!!!!!

NOS PRÓXIMOS TEXTOS...IREMOS FALAR E COMENTAR SOBRE AS ELEIÇÕES NAS ESCOLAS!!!!!


* Leciona Filosofia na Rede Pública e Privada do Estado de Rondônia.
P.S> Não comentem como anônimos,...mostre sua cara!!!!!!

sábado, 1 de novembro de 2014

DEMONIOCRACIA

GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS
                                                                                                           *Prof. Valdeci Ribeiro


                                  Um dos pontos positivos do Governo Confúcio Moura, foi ter adotado conforme prometera na campanha politica 2010, as Eleições Diretas para Diretores das escolas públicas do nosso Estado. No primeiro ano de seu mandato os critérios para o processo eleitoral foi montado, com todas as prerrogativas de legalidade e no final do ano de 2011 foi aberto as inscrições das chapas e marcada o dia da tão esperada eleição
No entanto, o que vimos nas escolas, foi um dos piores exemplos que se podiam dar à comunidade escolar no que se refere a Democracia e Cidadania. As Chapas montadas nas escolas partiram para o tudo ou nada. As idéias e  os Planos de Gestão ficaram em segundo plano, o que valia naquele momento era procurar ofender os colegas de trabalho com todo tipo de baixarias e as piores possíveis.
Alguns grupos dentro de algumas escolas usavam de TERRORISMO psicológico dizendo aos alunos por exemplo, que se a chapa A ou B ganhasse os projetos dentro das escolas acabariam. Pobres alunos, ainda em formação,manipulados como fantoches, verdadeiros imbecilizes,intoxicados por idéias de falsos democratas. Verdadeiros Lobos em pele de cordeiro, como é o CASO de um professor/profeta/pastor que se utilizou de conversas privadas para incendiar o ódio no coração de professores, funcionários e alunos, somente para garantir seu futuro no grupo de professores que davam  aulas para alunos que almejavam entrar na faculdade,,,
Esse grupo hoje esta dividido... Diretor numa chapa...a Vice em outra...
Tomara que o verdadeiro  debate politico aconteça, senão, salve se quem puder, a esculhambação vai rolar solto até o dia 10 de dezembro.
Ainda teve escolas onde professores foram acusados de pedofilia, corrupção, improbidade administrativa, casos de homofobia, intolerância religiosa. Isso mesmo nas eleições das escolas, onde era pra se dar o exemplo: PROFESSORES FAZEM DE TUDO para chegar ou se manter no poder!!!!

Isso é uma Demoniocracia...


*Leciona Filosofia na Rede Estadual em Porto Velho.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PORTO VELHO: Onde os políticos brincam de Reis e o povo são os Bobos!!!!!!!
                          Passado o processo eleitoral agora podemos falar de alguns problemas gritantes de nossas cidades para que todos, inclusive os militantes partidários, vejam a real situação que se encontra nosso tão DEPENADO Estado.
Em Rondônia os Governantes tratam o povo e servidores como meros coadjuvantes, como se esquecessem ou nunca tivessem estudado, que o poder emana do povo.
A situação das Escolas Públicas desde o governo Cassol, já estavam de muito abandonadas, jogadas as traças, ao descaso com profissionais beirando a miséria. Confúcio foi eleito em 2010 como o SALVADOR DA PÁTRIA.
As escolas foram pintadas(chamo de sepulcro caiado), os uniformes das escolas ficaram UNIFORME(na sua maioria), os Programas chegaram a todo vapor (chamo de prostituição da escola), é programa pra todo lado!!!!!!!!
E o principal não foi movido uma palha...Os profissionais em educação... E pra não entrar nesse mérito de valorização que é muito polemica, quero me dirigir ao CAOS que se encontra a segurança nas escolas públicas do nosso Estado.
Até quando vamos ficar refens da marginalidade dentro das escolas?
A retirada da Segurança Privada das escolas talvez, tenha sido o maior erro do atual governo!!!!! 
Trabalhamos com MEDO.....
Será que é preciso acontecer alguma tragedia dentro das escolas para que seja tomada alguma providencia?
Poderia ficar horas escrevendo, sobre os erros na Pasta da Educação...
Mas seria em vão, quando as pessoas que são tratadas pelos governos como "bobos", votam nas eleições como verdadeiros bobos!!!!!!!!!


Prof. Valdeci, leciona Filosofia na Escola Eduardo Lima e Silva

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

VERDADE: PRA QUEM?

Reza a lenda que, certa feita, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos e os reuniu no pátio do palácio, onde se encontrava um elefante. Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando, um a um, os cegos até o paquiderme para que o apalpassem, de modo que um tocava a barriga, outro o rabo, outro a orelha e outro uma das pernas.
Quando todos os cegos tinham, enfim, apalpado o animal, o príncipe ordenou que cada um explicasso aos demais cegos como era o elefante. "É gigante, como uma grande panela, mas macio", começou aquele que havia apalpado a barriga. Seu relato foi discordado pelo que havia tocado o rabo: "Se parece mais com uma vassoura!". "Nada disso", interrompeu o que tinha apalpado a orelha, afirmando que o bicho lembrava mesmo era um leque aberto. O que apalpara a perna interrompeu com uma alta gargalhada, e afirmou: "Ele é alto e rígido como um poste!" Os cegos se enroscaram em uma discussão sem fim - cada um querendo provar, através de sua própria experiência, que o outro estava errado.
A história é antiga, mas seu ponto principal ressoa forte: somos todos cegos quando se trata de relacionamentos humanos. Ao reconhecermos o mundo através dos nossos cinco sentidos, sempre teremos distorções da realidade e apenas uma visão parcial do todo, sendo sempre, de certa forma, enganados pela nossa percepção. 
O fenômeno acontece todos os dias em empresas ao redor do mundo - e o resultado é quase sempre desastroso: fofocas, desentendimentos e discórdia generalizada que desaceleram o crescimento pessoal e profissional, quando não o interrompem totalmente.

terça-feira, 8 de abril de 2014

UM NOVO SANTO PARA O BRASIL: SANTO DO PAU OCO

Papa Francisco e toda comunidade católica a quem dou meu respeito que me perdoem  mas não consigo me alegrar com a canonização de Anchieta decretada na quinta-feira pelo Papa Francisco. Enquanto a cerimônia era celebrada lá no Vaticano, aqui no Brasil os sinos das igrejas bimbalhavam festivamente, sem que as badaladas tocassem meu coração. Bem que me esforcei para compartilhar o júbilo de meus compatriotas com "o terceiro santo do Brasil". Inutilmente.
A incapacidade de participar da comunhão nacional gera um angustiante sentimento de exclusão. Já havia acontecido comigo na morte de Tancredo Neves espetacularizada pela mídia. O Brasil inteiro em prantos e eu, de olhos secos, coração endurecido. Só chorei a morte de Ulisses Guimarães, o homem que enfrentou os cães da polícia e que tinha nojo da ditadura. Mas por que não festejar o novo santo? Porque creio que ele é do pau oco. A expressão usada aqui como metáfora não pretende desrespeitar a fé de ninguém. Acontece que para alguém ser santo, precisa comprovar pelo menos dois milagres. Anchieta foi dispensado disso pelo 'poder de chave' do Papa que usou o sensus fidelis, isto é, o sentimento dos fiéis, entre os quais estão minhas nove irmãs. Porém, como a sabedoria popular já comprovou que santo de casa não faz milagre, não é por isso que ele é do pau oco. É por causa do contrabando, do que está por trás da canonização.
Santo do pau oco – nos ensina Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro – se refere às "imagens de santos, esculpidas em madeira, que eram ocas e vinham de Portugal cheias de dinheiro falso". Essas estátuas, de diversos tamanhos, serviam também para contrabandear ouro e pedras preciosas. Sendo o poder da religião incomensurável, os fiscais não tinham coragem de abrir o santo para checar a muamba que continha. Se é assim, cabe perguntar: qual é o contrabando trazido de Roma com a canonização de Anchieta?
Devagar com o andor
É preciso abrir a imagem do novo santo para verificar o que ela esconde em seu interior. O diretor da Faculdade de Teologia da PUC/SP, padre Valeriano Costa, deu uma pista, quando definiu que a canonização "é uma grande oportunidade para a Igreja cultuar esse santo e se lembrar de alguns dos valores que pregava" (O Globo, 04/04/14). O que se está canonizando com Anchieta, portanto, é o trabalho missionário de catequização, conversão e "civilização" dos povos indígenas.
É disso que se trata. Dentro da imagem do santo, estão os valores da catequese empreendida pelos jesuítas sob os auspícios da Coroa de Portugal. Segundo o historiador Gabriel Bittencourt, autor de um livro sobre Anchieta, ele foi "um homem que soube lidar de forma diplomática com os índios, aprendeu o tupi-guarani, escreveu a primeira gramática da língua e estudou as crenças para montar peças teatrais que ajudassem os nativos a entender as lições de catecismo".
Onde vais tão apressado, periquito tangedor? Devagar com o andor, que o santo é de barro. Os meios usados por Anchieta nem sempre foram diplomáticos, como comprovam as cartas que ele escreveu, algumas delas publicadas em agosto de 1980 pelo Porantim, jornal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) editado, na época, em Manaus. Numa delas, Anchieta trata os Tupinambá como "inimigos carniceiros" e se rejubila por haver conseguido jogar os índios uns contra os outros nos conflitos entre portugueses e franceses: "E foi coisa maravilhosa que se achavam e encontravam a flechadas irmãos com irmãos, primos com primos, sobrinhos com tios e mais ainda dois filhos que eram cristãos e estavam do nosso lado contra seu pai que estava contra nós".
A representação dos índios no discurso de Anchieta pode ser avaliada nos versos do poema épico "De gestis Mendi de Saa", escrito em latim para elogiar o poder na pessoa do governador-geral Mem de Sá. Lá os índios são "lobos vorazes, furiosos cães e cruéis leões que nutriam o ávido ventre com carnes humanas". Estes índios "selvagens e animalescos" abandonaram Deus e precisavam ser catequizados para escaparem "das garras de Satanás".
O inquestionável trabalho de Anchieta no campo da linguística, longe de servir para reconhecer as culturas indígenas, foi usado para destruí-las. A gramática que ele fez da língua geral se tornou ferramenta eficaz para veicular valores que negavam e satanizavam as religiões locais, o pensamento, a cosmovisão e os saberes indígenas. Suas peças de teatro, de caráter pedagógico, encenadas pelos índios catequizados, classificaram como "demônios" os personagens da mitologia tupi, condenando o fumo, a medicina indígena, as malocas coletivas, o cauim e os rituais.
O santo é de barro
Se a canonização de Anchieta serve para fazer a apologia da catequese, então estamos mesmo diante de contrabando. O catolicismo guerreiro, arrogante, só admitia um caminho para Deus: o de Roma. As religiões indígenas foram desprezadas, perseguidas, extirpadas a ferro e fogo.
Outro jesuíta, o padre Antônio Vieira, defendeu a catequese como única via para transformar o "índio bárbaro", considerado tábula rasa, folha de papel em branco. O missionário era o escultor que daria feições humanas aos índios: "É uma pedra, como dizeis, o índio rude? Pois trabalhai e continuai com ele. Aplicai o cinzel um dia e outro dia; dai uma martelada e outra martelada e vereis como dessa pedra tosca e informe fazeis não só um homem senão um cristão e pode ser um santo", escreveu Vieira.
Apesar da quantidade massiva de mártires indígenas, não se tem notícias de nenhum deles declarado santo, oficialmente reconhecido pela Igreja, mas o barulho de algumas "marteladas" chegaram até os dias de hoje, com notícias sobre as violências cometidas contra os índios, cujas religiões eram consideradas como "superstições", perseguidas pela intolerância.
O resultado da catequese foi avaliado por outro jesuíta brilhante, João Daniel, que viveu 16 anos na Amazônia (1741 a 1757) e relatou suas andanças. Os castigos corporais sistemáticos e o batismo não criaram cristãos que Anchieta e Vieira queriam: "a religião ficou pouco intrinsicada no coração dos índios", com uma "fé morta no uso das cousas sagradas e na pouca reverência aos sacramentos". Segundo João Daniel, os índios gostavam muito "de medalhas, de verônicas, de escapulários, mas não era por respeito e devoção" e sim para "com eles enfeitar seus macacos e cachorrinhos, atando-lhes ao pescoço".
A muamba que vem escondida dentro do novo santo é essa: um contrabando ideológico, que faz a apologia da prática missionária de Anchieta, sem o menor senso crítico, quando o próprio CIMI, em sua 3ª Assembleia Geral realizada em Goiânia, em julho de 1979, produziu um documento final, assinado também pelos luteranos ali presentes, que diz tudo no seu primeiro parágrafo: "Reconhecendo os erros que cometemos como Igreja na nossa atuação missionária junto aos povos indígenas, pedimos perdão a eles e a Deus". O CIMI se compromete a mudar sua prática e a respeitar as religiões indígenas "que inclui assumir necessariamente os mitos e a vida religiosa através dos quais cada povo recebe a Revelação de Deus".
Anchieta é um dos responsáveis por esses erros. Foi um fiel servidor do sistema colonial, ao contrário de Bartolomé De Las Casas, o dominicano espanhol que na mesma época ousou romper com o sistema. Anchieta pode até ser santo, desde que venha sem esse contrabando. E mesmo assim jamais será santo para os índios. Canonizá-lo para reforçar essas práticas é um retrocesso, uma reafirmação daquilo que o sociólogo Anibal Quijano chama de colonialidade, que é mais profunda e duradoura do que o colonialismo. Esse santo quer reza. De mim, não terá nenhuma.  

sexta-feira, 21 de março de 2014

CONSCIÊNCIA E RESPONSABILIDADE

Consciência Moral e Responsabilidade


Consciência Moral Responsabilidade
Valores e normas morais não são necoisas exterioreao sujeitmoral nem simples criações individuais ou subjectivas. Nenhum de nós inventou sozinho os valores e as normas morais. Fomos encaminhados para seconhecimento pela educação, pelfamília, pela escola e por outros agentes de socialização quno-lostransmitiram. Mas dsentido dos valores que me foram transmitidosou seja, da suvalidade, sou edecidirA questão fundamental da moral pessoal é esta: "Que valores merecem o meu compromisso?" relação do indiduo coasnormamorais existentes implicapara que se possa falade vivência morala liberdade para as aceitar ou nãoPor outrlado, uma vez que as
normas morais são geraisa sua aplicação a cada casparticular é obra doindivíduo na situação em que sencontra. A decisão compete-lhe. Que o indivíduo seapoio de qualquer norma existente tenha de decidir como actuar é, comoveremos, frequente no caso dos conflitos morais (situações eque não existemreceitas morais prévias).
No estuddo tema "Consciêncimorae responsabilidade" iremos considerar omodo como o sujeito se refere às normas morais existentes, isto é, a atitudepessoaque, em última análise, confere ao secomportamentuma determinaçãomoral.
1.       A Consciência moral
A moral tem umdimensão sociauma dimensão pessoal. A dimensão socialsignifica que nas comunidades humanas existum conjunto dnormas que regulam aacções e relações entre os seus membros. Essas normas estão expressas quendireito positivo (Ex.: a proibição de roubar) quer, de formaimplícitanousos e costumes (Ex.: ecaso de acidentdevemos socorrerprimeiro as crianças)A dimensão pessoal tever comodcomointeriormente nos relacionamos com as normas morais socialmente estabelecidas.Pooutrapalavras, só podemos falar de sujeito morasestassumir as normas como suas não simplesmente como algo que é impostpela sociedadeAsnormas morainão só exigeser cumpridas pelo sujeito humano como também uma adesãíntimauma convicçãinterior quse revelnas nossas intenções.
A consciência moraé a instância íntima e pessoal dita "voz interior" -, que, alémde assumir e fazesua(interiorizar) as normamoraisaavalia também quanto à sua rectidão. É a capacidade djulgar e avaliaque é correcto de orientar aacção para o cumprimentdo que é devido.
Enquanto juiinterior que incitarepreende, dissuade ou acusa, a consciência moral é a voda nossa consciência enquanto sujeitos racionais e livres, capazede responder pelos próprios actos e também capaz de avaliar os actos dos nossos semelhantes. As normas morais são-nos transmitidas por instituições como a família e a escola, entre outrasEsta origem externa das normamorais suscita o problema da autonomia dconsciência moral.
consciência moral é autónoma quando assumir e interiorizar as normas morais vigentes. “Fazê-las suas", significa que se autopropôs as normas que devem reger a sua acção, decidindo sem coacçõesAgimos de forma autónoma ao decidir que normas consideramos boas ou válidas, confrontando-as com valores ou princípios que consideramos universaisÉ o caso da pessoa para quem o respeito pelos outros é um princípio universal, que deve guiar a sua conduta mesmo que viva numa sociedade racista ou segregacionista.
A pessoa autónoma não é aquela que "faz o que lhe apetece ou o que lhe dá nagana" nem aquela que rejeita a referência a qualquer norma estabelecida. Avalia esta e fá-la sua se a considerar como própria de seres humanos. A consciência moral é heterónoma quando se guia, ao cumprir as normas, pela autoridade dos outros (pelo que nos dizem), pelo mero interesse pessoal (as normas morais são assumidas se favorecerem os nossos interesses) e pela opinião da maioria. A consciência moral heterónoma submete-se às normas estabelecidasnão as dá a si mesma, não as faz suas (para tal devia
reflectir sobre elas e avaliá-las).
2. A Responsabilidade Moral
responsabilidade é a característica de quem tem a capacidade (de quem podederesponder peloseus actos, reconhecendo-os como seus e assumindo as suas consequências ou efeitos. A responsabilidade é a liberdade comprometidaprópria do que não se esconde atrás das suas decisões e
aões, que não se demite da obrigação de prestar contas a si mesmo e aos outros - pelo que faz e pelos resultados dos seus actos.
responsabilidade designa a possibilidaddimputarmos, de atribuirmos uma acção a alguém que consideramos ser seautor.
Quando nas reuniões de avaliação se verifica quum alunnão realizoostrabalhostestes otarefas indispensáveis à sua classificação, os professoresdeclaram qunão foi atribuída nota por motivos imputáveis ao aluno. Este éresponsabilizado pelfactporque a ele se deve a auncia de elementodeavaliação.
2.1. As Condições da Responsabilidade Moral
Em que condições podemos legitimamente julgar que alguém é moralmente responsável por um acto, ou seja, que condições são requeridas para que possamos louvar ou censurar alguém pela sua maneira de agir? Em que condições podemos responsabilizar-nos por actos censuráveis ou louváveis?
São requeridas duas condições fundamentais:
Que o agente aja conscientemente, com conhecimento de causa, isto é, que não ignore as circunstâncias em que a sua acção se desenrola e que de certa forma possa controlar as consequências imediatas do seu comportamento.
Ex.: Suponhamos que o condutor de um automóvel circula a velocidade moderadapelas ruas de uma cidade quando inesperadamente um peão distraído atravessasem lhe dar tempo para travar, sendo colhido e ficando gravemente ferido. O condutor não podia prever a distracção e a incúria do peão (da qual resultamatropelamento e ferimentos). O atropelamento acontece porazões que sãoimputáveis a quem descuidadamente atravessou a rua. O automobilista está, assim, eximido de qualquer responsabilidade no sucedido.
O mesmo já não poderá dizer-se do condutor que, com a impaciência característicade muitos "Rambos do asfalto," ultrapassa um veículo longo e pesado numa curva sem qualquer visibilidade e, embatendo num veículo que circula em sentido oposto, provoca morte e ferimentos nos seus ocupantes.
2 - Que o acto realizado seja intencionalisto é, derive de uma decisão consciente, voluntária e livre do agente, não sendo este forçado a agir de uma certa maneira.
Há actos que escapam ao controlo e domínio da nossa vontade e outroque a contrariam ou constrangemNo primeiro caso, falamos de coacção interna; no segundo caso, de coacção externa.
Coacção interna - Certos actos têm a sua origem no agente e, no entanto, não derivam de uma decisão
voluntáriamas sim de um impulso irresistível. Ex.: Roubar é, normalmente, um acto que não tem desculpa e quem o comete é objecto de reprovação moralAssim, se Yindivíduo que vive em boas condições económicasrouba uma máquina de barbear a um amigo que o convidou para jantar em sua casa, não hesitamos em responsabilizá-lo por um acto tão estranho e mesquinho. Contudo, a nossa avaliação alterar-se-á se soubermos que Y sofre de uma doença chamada cleptomania, caracterizada por um impulso irresistível para a apropriação de bens alheios. Esse impulso foi mais forte do que ele: não pôde agir de modo diferente daquele como agiu. O acto não foi propriamente seu, não foi ele o seu autor ou causa, mas sim constrangimentos ou forças internas sobre as quais não pôde exercer controloNão tendo agido livremente, por decisão voluntária, não pode ser responsabilizado, o acto de roubar não lhe pode ser imputado.
Coacção externa - Certos actos são realizados pelo sujeito, mas a sua origem ou causa está:

a) Em circunstâncias imprevistas que forçam o agente a agir de certo modo contra a sua vontade;

b) Em alguém que o força a realizar um acto não escolhido ou querido pelo próprio agente.

Exemplifiquemos o que se diz na alínea a):
Circulando a uma velocidade regulamentar um automobilista vê, de súbito, um peão atravessar imprudentemente a rua. Para não o atropelar vê-se forçado a efectuar um brusco desvio que provoca o atropelamento de uma pessoa que, junto a um semáforo, esperava a sua vez para atravessar a rua, deixando-a gravemente ferida. Não tendo podido prever o movimento do peãoo condutor não teve outra alternativa senão fazer o que fez, tendo, sem o querer mas forçado pelas circunstâncias, ferido outro transeunteNada do que aconteceu resultou de uma escolha ou de uma livre decisão: não é responsável pelo que sucedeu. Houve causas externas que ditaram o desenvolvimento dos acontecimentos.
Exemplifiquemos o que é dito na alínea b):
Suponhamos que um certo indivíduo, sob a ameaça de uma arma de fogo, é forçado por um lunático a incendiar a casa do vizinho, acto terrível e inimaginável em circunstâncias normais. A ameaça de morte é uma coacção extrema que manieta a vontade e a capacidade de escolha do indivíduo ameaçado. Este não age por decisão própria, mas é forçado a realizar um acto: a coacção externa exercida pelo outro indivíduo não lhe deixou a possibilidade de optar. A causa da sua acção não está nele mas sim fora dele, no indivíduo que o ameaçou. Como a sua acção não foi intencional ou livre, o indivíduo que, nestas circunstâncias, incendiou a casa do vizinho não pode ser considerado moralmente responsável pelo sucedido.
O mesmo se poderá dizer do caixa de um banco que, ameaçado de morte, entrega o dinheiro ao assaltante: não pôde agir da maneira que teria desejado. A atribuição da responsabilidade de um acto a um agente supõe que este aja livremente, ou seja, que, tendo agido de certa maneira, pudesse ter agido de outro modo.
2.2. Responsabilidade Culpabilidade
Quando, interrogado sobre a fuga de segredos de Estado, ouvimos o chefe de um governo prometer que "Vamos apurar responsabilidades!" facilmente entendemosque se trata de procurar o culpado ou os culpados; se uma pessoa é infectada pelo vírus da sida na sequência de relações sexuais com um parceiro que sabia sofrerdessa doença e lhe escondeu a verdade, ao dizermos que ele é responsável identificamo-lo como culpado; o jogador de futebol que, depois de ver a sua equipa desperdiçar uma dúzia de ocasiões de golo flagrantes, atribui a responsabilidade pela derrota ao árbitro está a dizer "Foi
ele o culpado do nosso fracasso!".
Como se vê, o termo "responsabilidade" é frequentemente identificado com o termo "culpabilidade": faz parte da linguagem e do modo de pensar comuns traduzir"culpado"por "responsável". Como se os actos meritórios não tivessem responsáveis, como se só fossem imputáveis aos homens os actos que consistem em transgressões, crimes ou faltasO próprio senso comum denuncia a sua própria incoerência no uso do conceito de responsabilidade quando se ouve dizer" João é um jovem responsável". O que quer esta afirmação dizer? Que João é "consciente", faz um bom uso da sua liberdade, que é digno de estima e apreço. A identificação entre responsabilidade e culpa é, por conseguinte, inaceitável: todo o culpado é responsávelmas nem todo o responsável é culpado.
Este princípio tornar-se-á claro se explicitarmos em que condições o responsável por um acto - aquele a quem atribuímos a capacidade e a obrigação de por ele responder - é também culpado.
1 - Que o acto tenha a sua origem num agente animado por uma intenção malévola.
Quem transgride voluntária e intencionalmente a interdição de matar é culpado e moralmente censurável, salvo situações extraordinárias como a guerra e mesmo aí só num determinado contexto; já não consideraremos culpado quem, sem qualquer intenção e sem possibilidades de o evitar, provoca ferimentos noutra pessoa.
2 - Que o acto tenha a sua origem numa negligência do agente.
 Como diz Alain Etchgoyen:
A negligência é a cruz da responsabilidade. Como indica sua etimologia, rompe aligação - negligo - que une acta inicial de decidir às suas consequênciasA moral preocupapreocupação da consciência moral é de estar ocupado, antes do tempo, com as consequências deste acto depois do outro.
Pensemos nestes dois casos:
a) Um farmacêutico prepara mal um medicamento porque lê, sem prestar suficiente atenção, a receita do médico. O paciente toma o medicamento e morre.
b) Outro farmacêutico lê igualmente sem atenção uma receita e prepara um medicamento que, se ingerido, causará a morte do pacientePor acaso, este escapa a essa morte estúpida porque perde o medicamento antes de o tomar.
O exemplo é extremamente artificial, mas importante.
O primeiro farmacêutico provocou a morte do paciente de modo involuntário. Foi a sua negligência que esteve na origem do lamentável acontecimento.
O segundo farmacêutico agiu de forma igualmente negligente. Por um feliz acaso não se verificou o mesmo resultado do caso anterior.
No plano moral são ambos igualmente responsáveis por negligência, por não terem pensado nas consequências dos seus actos. Com efeito, o acaso não diminui a responsabilidade moral do segundo farmacêutico.
A diferença verifica-se no plano jurídico ou penalEventualmente, o primeiro teria de responder em tribunal pelo seu acto e pelas suas consequências, ao passo que o segundo, tendo em conta o que passou, nem se aperceberia de ter agido de forma negligente, moralmente censurável.