Valdeci F Ribeiro
A ciência é ruptura ou uma extensão intelectualizada do senso comum? A resposta parece óbvia, mas é preciso pensar o problema. O óbvio aqui é dizer que é ruptura, crítica ao senso comum, porque é evidente que a ciência é um saber cumulativo muito mais sólido que o saber do cidadão que vive normalmente sua vida, tem sua fonte de informações na TV e se interessa pouco pela literatura científica especializada. Mas qual o sentido dessa diferença? Será que os cientistas fazem ciência por amor ao saber pelo saber? Será que se consideram acima dos simples mortais?
A primeira questão inevitável é esta: ciência é uma forma de saber que não se constrói ao acaso, mas se obtém por meio de um método científico. O método científico exige uma dose considerável de penetração, de análise, experimentação e organização. Você pode até dizer que essas características também estão presentes no senso comum, mas não é a mesma coisa. O senso comum é caracterizado por um apego a imagens, sensações e por um desinteresse na busca de explicações e justificativas. Esse esquema de pensamento não é exclusividade da vida cotidiana. Senso comum é também uma forma de pensamento que se recusa a aceitar a contestação criteriosa, a crítica com argumentos e demonstrações. Quando o Papa Urbano VIII, no século XVII, polemizou com Galileu e o impediu de veicular suas opiniões sobre a física do Universo, o que fornecia o alimento do ataque de Urbano a Galileu era justamente uma visão de senso comum milenar e antiga. Segundo essa visão não há nenhuma contradição entre o que diz a bíblia, o que ensinou Aristóteles e os dogmas da Igreja. As teses de Galileu contestavam esse pensamento, mostravam fissuras graves na teoria geocêntrica do universo e indicavam os erros de Aristóteles. Os cientistas, por seu lado, também se utilizam do esquema de imagens, sobretudo quando precisam ilustrar um complicado sistema físico ou químico, cuja estrutura é complexa demais para ser exposta em detalhes. Mas há algo no trabalho do cientista que não faz parte do nosso cotidiano: é o hábito de considerar os novos dados como uma hipótese, que pode ser explicada por meio de leis e teorias, e que precisa ser abandonada tão logo uma nova hipótese se apresente como mais adequada e satisfatória. Essa é a essência do método científico e o principal ponto de conflito com o senso comum. Bachelard explica que a exigência de um método e de uma linguagem especializada para comunicar os dados científicos afasta bastante a ciência do conhecimento comum. Por outro lado, o senso comum é bastante afeito ao um tipo bem rudimentar de experimentação: o contato físico com os objetos e as realidades. A ciência também valoriza a experimentação, mas não a supervaloriza. Como diz Bachelard:Entre o conhecimento comum e o conhecimento científico a ruptura nos parece tão nítida que estes dois tipos de conhecimento não poderiam ter a mesma filosofia. O empirismo é a filosofia que convém ao conhecimento comum. O empirismo encontra aí sua raiz, suas provas, seu reconhecimento. Ao contrário, o conhecimento científico é solidário com o racionalismo e, quer se queria ou não, o racionalismo está ligado à ciência, o racionalismo reclama fins científicos. Pela atividade científica, o racionalismo conhece uma atividade dialética que prescreve uma extensão constante de métodos. (BACHELARD, 1972, p. 45) Há, portanto, entre senso comum e ciência uma ruptura que não é uma questão de saber versus ignorância, ou opinião versus razão. O trabalho da pesquisa científica, em sua essência, é uma aplicação do método racional no estudo da natureza, do homem e do universo. Lá onde não há ciência, ou existe religião, cujo núcleo é a fé, ou existe vivência, cuja estrutura é a imaginação, o desejo e a crença. Estes dois eixos da vida são importantes no mundo da cultura geral, mas não se identificam facilmente com o espírito científico. Mas nem todos os estudiosos da ciência aceitam o paradigma da racionalidade como único critério que diferencia ciência de saber comum. Alguns, inclusive, rejeitam a oposição entre ciência e religião, dizendo que para além da racionalidade científica reside um sentimento humano que conduz o homem na elaboração de respostas para as origens do Universo. A ciência seria um conjunto de tentativas de respostas. A religião, por seu lado, uma experiência análoga à ciência. Enquanto uma utiliza métodos e experimentação, a outra se serve de mitos e contos. Mas, como ambas se constituem como buscas, hipóteses e ensaios, não se pode dizer que uma tem precedência ou mais valor que a outra. Essa posição é defendida, no Brasil, pelo físico e escritor Marcelo Gleiser, sobretudo em seu livro A Dança do Universo.
* Leciona no Instituto Maria Auxuliadora, e Escola JBC em Porto Velho-RO
A pré-história é dividida em três etapas: Paleolítico,Neolítico e Idade dos metais, onde povos foram evoluindo.Umas das mudanças culturais foram o domínio do fogo, construção de instrumentos, sedentarização, prática da agricultura e entre outros, podemos afirmar que com esses descobrimentos esses povos já tinham uma História para a humanidade, mais naquela época muitos históriadore acreditavam
ResponderExcluirque só os povos com escrita tinham História, para mim suas descobertas foram histórias muito importante, como o descobrimento da roda,hoje ela é útil para nós graças a esses povos, ou seja sua cultura, sua história.
Jéssica Paloma 3ºno